segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Passivo Ambiental

A ABNT possui um Subcomissão cuja missão é elaborar normas relacionadas a avaliação de passivo ambiental em solo e água subterrânea e avaliação de risco a saude humana. Foram criados grupos de trabalho para isso e as normas de identificação e investigação ficaram sob responsabilidade do GT-3 do qual sou subrelator.

No final de outubro o GT conseguiu finalizar a minuta da norma de avaliação confirmatória,que é a segunda elaborada. A minuta agora seguirá para aprovação em reunião plenária, que deverá acontecer até o final do ano. Se aprovada, seguirá para consulta pública.

Quem estiver interessado em receber a minuta, por favor coloque um comentário com o emial de contato que eu enviarei a minuta.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Geólogos na crista da onda

Quando me formei géologo em 1990 à epoca as oportunidades de trabalho eram limitadíssimas. Devo ter ficado uns nove meses desempregado, sem qualquer perspectiva, se não estudar para os poucos concursos públicos da época. Cheguei a passar no de Guarulhos mas não assumi. Preferi abraçar a opção de atuar na área ambiental, que engatinhava.

Hoje a coisa é bem diferente. Meio ambiente, geotecnia, petróleo e mineração são setores da economia que literalmente caçam geólogos. Desemprego é raro e os salários estão acima da média.

Nos últimos 30 dias notei pelo menos três matérias na mídia impressa elencando o geólogo como profissional em alta. Na folha de SP http://www1.folha.uol.com.br/fsp/empregos/ce2109200830.htm, na Você S/A  http://vocesa.abril.com.br/informado/aberto/ar_293125.shtml e no Estadão.

Como empregador de geólogos em minha empresa de consultoria, posso garantir que há 5 cinco anos a demanda vem crescendo significativamente e hoje está muito, mas muito difícil contratar geólogos, bons profissionais então é missão impossível.

Na construção da minha vida profissional sofri com a falta de conceitos de administração e direito, que tratei de sanar estudando teoria de administração e economia por conta e cursando direito. Hoje posso dizer que tenho bons conhecimentos nesses campos.

Procurei verificar como anda a grade curricular do Instituto de geociências da USP, https://sistemas2.usp.br/jupiterweb/listarGradeCurricular?codcg=44&codcur=44011&codhab=100&tipo=N , e qual não foi surpresa constatar que poucas mudanças ocorreram em 20 anos. E ainda não há opção, nem de disciplinas optativas, relacionadas a administração,  gestão de projetos e ética profissional.

Mas isso deve mudar! A onda está fechando, mas o tubo tem saída.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Coisa de geólogo?

O geólogo formado aqui no bananal obviamente não tem como ver e sentir o que é um vulcão ativo. No tour pela Itália visitamos o Monte Etna na Sícilia e foi bem educativo reconhecer as estruturas geológicas formadas pela atividade magmática extrusiva.

A última erupção (2005)

Mas sem dúvida o mais interessante foi ver as pequenas fumarolas que estão acessíveis aos turistas normais. Se não me engano o pico do Etna está a uns 4.500m acima do nível do mar. Dá para chegar com teleférico e busão 6x6 a um patamar em torno de 3700m onde já é frio (5-10graus) e tem neve/gelo acumulado. Isso no final da primavera.

O pico



No vídeo aparece a Pati toda encapotada esquentando a mãozinha numa das saídas de uma fumarola.

Para se chegar no pico somente com guias contratados. Se eu voltar lá tentar subir até lá.


sábado, 5 de julho de 2008

Imagens Free

Quem precisa de imagens aéreas e de satélite para realizar estudos científicos e técnicos sabe que isso não é barato. Agora as coisas parecem que melhorão um pouco para nós. A partir de Julho de 2008 o Serviço Geológico dos Estados Unidos(USGS) vai disponibilizar imagens e fotografias aéreas de seu acervo sem custo e que poderão ser baixadas pela internet.

É ou não um alento para nós?

Acessem http://landsat.usgs.gov/images/squares/USGS_Landsat_Imagery_Release.pdf e saibam de mais detalhes.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Profissional Qualificado?

Um dos temas que fervilham atualmente é o que seria um "profissional qualificado" para atuar nos processos de gerenciamento de áreas contaminadas. Esse tipo de profissional seria aquele denominado legalmente de "habilitado" ou exigiria-se algo mais?


Outro assunto que permeia a discussão é quem poderia qualificar profissionais no Brasil, uma vez que aqui prevalece a habilitação através de conselhos profissionais, com exemplo o CREA.


Alguns consideram que a qualificação de profissionais alheia a competência dos respectivos conselhos profissionais ou a quem este a delega, pode ferir direitos constitucionais como o do livre exercício profissional.

Vejamos o que diz a carta magna brasileira:

"Dos Direitos e Garantias Fundamentais - Art. 5º inciso XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer".

"Da Ordem Econômica e Financeira - Art. 170 parágrafo único - é assegurado a todos o livre exercício profissional de qualquer atividades econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo em caso previstos em lei"

Resta claro que há limites bem definidos para a qualificação profissional , sendo necessário que lei estabeleça as condições. Atualmente, a lei estabelece que cabe aos conselhos regionais profissionais essa competência. Em outras palavras, o entendimento dominante parece ser no sentido de que qualquer programa de qualificação profissional somente poderá ser implementado por meio de lei e que os programas de qualificação profissional debatidos em diversos fóruns, enquanto desamparados de lei, deverão ser de participação voluntária sob pena de poderem ter sua constituicionalidade contestada.

Por outro lado, a não qualificação profissional pode expor, quando o exercício profissional é deficiente, a sociedade a danos e ameaçar o equilíbrio do meio ambiente, que também é constitucionalmente tutelado. O que prevalece nesse caso? No próximo post escreverei sobre o tema.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Boa-fé

Uma figura jurídica pouco explorada nas políticas de gerenciamento de áreas contaminadas é a boa-fé do potencial adquirente ou comprador de um imóvel ou empreendimento detentor de contaminação do solo e das águas subterrâneas.

No Brasil, legalmente, o comprador de uma área contaminada responde solidariamente àquele que deu causa a contaminação. Além disso, a obrigação de descontaminar é do tipo propter rem, ou seja, vincula-se a coisa que no caso é a propriedade (imóvel). Ambas as razões contribuem para inibir a rehabilitação e revitalização de áreas contaminadas.

Nos EUA, no âmbito do Superfund, foi criada a figura do bona fide prospective purchaser (BFPP) que poderia ser traduzida como boa-fé do promitente comprador. A principal característica do BFPP é que ele não responde por custos de remediação passados ou futuros desde que satisfaça os critérios definidos na legislação do Superfund (http://www.epa.gov/brownfields/aai/aai_final_factsheet.pdf).

Mais informações de interesse ao comprador de uma área contaminada no contexto do Superfund pode ser acessadas no htttp://www.epa.gov/compliance/resources/publications/cleanup/superfund/top-10-ques.pdf.

Quem ler notará que algumas aspectos e cautelas poderiam ser adaptadas ao gerenciamento de áreas contaminadas no Brasil para agilizar a recuperação ou revitalização dessas áreas.

domingo, 1 de junho de 2008

Itália

Eu, a minha amada Pati e duas amigas da GEO (Pastel e Peré) passamos 20 dias na Itália em Abril, que são retratados no vídeo aqui postado. O roteiro incluiu Roma, Costa Amalfitana, Costa do Adriático, Sicília, Bolonha, Assis, Siena, Firenze, Veneza, Maranello e Milão.

Aproveitamos e matamos a saudade de nosso amigo Aldo (Ophélia para os geólogos) que está morando em Ímola e fazendo mestrado na Universidade de Bolonha.

As imagens valem por milhões de palavras, vejam o vídeo!

sábado, 31 de maio de 2008

Precaução x Razoabilidade

No processo de gerenciamento de áreas contaminadas há um princípio que é frequentemente invocado quando há alguma incerteza no diagnóstico de algum aspecto ambiental relevante. Na dúvida opta-se pelo mais restritivo sob alegação que deve prevalecer a precaução.

O princípio da precaução deve ser invocado "quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental" , segundo o Princípio 15 da Declaração da ONU do Rio de Janeiro (1992).

Umas de suas características, obviamente além de resguardar meio ambiente, é sua aplicação conjugada com o princípio da razoabilidade.

Explico em poucas palavras: a busca de informação adicional para esclarecer uma situação que possa ameaçar a integridade do meio ambiente deve considerar o montante de esforço necessário, financeiro ou não, a obtê-la e que o teor dessa informação dessa decisivo e efetivamente reduza a incerteza.

Quando a razoabilidade não é considerada, a incerteza, traduzida em custos, é externalizada para a sociedade direta ou indiretamente, sem que haja eficiente redução ou eliminação da ameaça. perdem todos, a sociedade, o Estado e o setor produtivo.

Surf na Itália

O objetivo da viagem não foi pegar onda. Tanto que nem levei a prancha, mas todo local que tinha praia, ficava de olho em cada recorte do litoral, ondulação e sentido do vento para avaliar o potencial de surf. Para a minha surpresa, apesar do mediterrâneo ser fechado, tinha um balanço em vários locais. Pena que eles construiram quebra mares em várias praias da Costa Amalfitana. Pelo relevo e topografia das praias, devia rolar onda boa lá. Olhei no wannasurf.com e não tem qualquer nota sobre ondas nessa parte da Itália. Os picos aparecem no wannasurf nas imediações de Roma para norte até a região de Genova, na Sicilia e na Sardenha. Essas últimas são ilhas com formações de calcárias que formam bons fundos para o surf.

Notei que em Amalfi tem potencial razoável um fundo de areia no centro da cidade.



No litoral da Costa do Sul (Mar Jônico) tem potencial também, mas como o litoral é pouco recortado e o fundo é de areia grossa e cascalho, as ondas são cheias e quebram razoavelmente perto da areia.


Onde percebi maior potencial de surf foi na Sicilia. Trata-se de uma ilha com rochas vulcânicas e muito calcário. Nos locais onde as formações calcárias encontram o mar, formam-se recortes perfeitos para criação de bons fundos. A Sicilia é uma ilha em formato triangular que por isso deve receber swells de todas as direções e, portanto, sempre haverá um local com vento e ondulação certos.

Próximo do Cabo São Vito, há recortes perfeitos que com ondulação certa nas varías penínsulas e baias deve gerar boas ondas. A ondulação estava pequena nas vi algumas ondinhas perfeitas quebrando na ponta de uma peninsula nesse região. Não havia ninguém surfando lá!

Próximo da capital da Sicília (Palermo) há bons picos também em fundo de rocha calcária. Inclusive constam no wannasurf.
Enfim, na itália pode não rolar onda grande, mas há potencial para muita onda perfeita, reef e point break, e melhor, sem crowd e uma fantástica cultura e história para conhecer. Vale com certeza planejar uma trip, especialmente, no final do inverno ou final da primavera.
Ps. para quem gosta e viajar, recomendo acessar www.photoburst.net.

sábado, 12 de abril de 2008

Férias

22:30h, sábado. Acabo de finalizar um relatório. Agora sim, férias. Há mais de 10 anos não saia por mais de 10 dias!. Essa é a face ruim de ser dono de uma pequena empresa de consultoria. Vamos para a Itália. Não vai ter surf, mas ficarei de olho no potencial do litoral oeste italiano e da Sicília. Vi no wannasurf que tem um potencial bom por lá, mesmo em se tratando do Mediterrâneo. Vamos ver...e quem sabe na próxima visita a prancha não vai também.

domingo, 30 de março de 2008

Bob

No final dos anos 80 estava nos últimos anos do curso de geologia na USP, fazia estágio em economia mineral no IPT e iniciação científica no IGc em estudo da zona não saturada. Estava em dúvida quanto ao futuro já que à época o mercado de trabalho oferecia pouquíssimas oportunidades e pensava me especializar em economia mineral.

Mas um fato mudou meus planos. Numa matrícula, quando montava a grade do semestre, precisava escolher uma disciplina optativa e existia um curso de hidrogeologia e poluição de aqüíferos que poucas pessoas cursavam, mas sempre davam boas referências.

Quem ministrava o curso era um professor americano chamado Bob Cleary. Tinha bom humor e fazia umas piadinhas ácidas com requintes de sarcasmo dedicadas a brasileiros. Mas o que importava para mim era que tinha uma didática excepcional, demonstrava conhecimento e o conteúdo material da aula era diferenciado. Lembro-me como se hoje fosse da aula em que destrinchou com uma clareza e simplicidade impressionantes um problema que demonstrava os conceitos de drenança entre aqüíferos e fluxo vertical em meio poroso. Isso foi derradeiro para a partir daquele momento ter certeza que seguiria carreira em hidrogeologia.

Hoje, quase vinte anos passados, reconheço que aquelas aulas foram fundamentais para minha formação profissional e certamente muitos dos que cursaram devem ter a mesma opinião.

No início deste ano, quando conversava com o amigo Paulo Negrão, fiquei sabendo que o Bob Cleary tinha autorizado a reprodução do livro texto utilizado naquelas aulas. Trata-se de um capítulo dedicado à hidrogeologia do livro “Engenharia Hidrológica” editado pela EDUSP, que se encontrava fora de catálogo, e cujos exemplares de consulta nas bibliotecas estavam em estado de conservação sofrível.

O trabalho foi disponibilizado em formato digital pelo pessoal da Clean e pode ser baixado através do link www.clean.com.br/cleary.pdf. Esse trabalho me parece ser ainda a melhor literatura técnica em língua portuguesa sobre conceitos de hidrogeologia básica, fluxo e transporte de contaminantes. Portanto, para quem gosta ou precisa de boas referencias técnicas, vale a pena acessar.

sábado, 15 de março de 2008

O que é S-E-A-S?

S-E-A-S é um blog para publicar idéias sobre geologia, hidrogeologia, meio ambiente e mais especificamente Gerenciamento de Áreas Contaminadas.

Já faz algum tempo que tinha surgido a vontade de criá-lo, mas sempre postergava a ação sob o argumento de que precisava estruturar melhor o conteúdo. Agora decidi criar sem estrutura mesmo e ver no que dá. Talvez ninguém o acesse, mas se acessarem, comentários serão bem vindos!

A pretensão é tentar informar, divulgar informações e debater esses temas de uma forma mais descontraída, livre e participativa que possa contribuir para o gerenciamento eficaz e prover benefícios para a coletividade.

O nome do blog é um trocadilho. S-E-A, significa Solo E Água. E o por que do S isolado? Seria de Subterrânea? Não, ele representa um outro assunto que vou comentar eventualmente aqui que é o Surf. Pego onda desde os 14. Estou com 39 e nesses 25 anos de vida de surfista passei pela fase em que ele foi a coisa mais importante da vida, teve a fase em que ele ficou um pouco de lado por obrigações profissionais, mas sempre esteve no imaginário diário. Enfim, quem gosta de pegar onda sabe do que falo!

Por isso não se espantem com alguns posts surfísticos!

No próximo post vou comentar algo específico sobre "áreas contaminadas", talvez algo sobre políticas públicas.